Uma importante iniciativa da secretaria nacional da Mulher do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) é a organização de um curso on-line para pré-candidatas do PCdoB e Movimento 65 com o objetivo de formar e encorajar as candidaturas femininas nestas eleições, além de incentivar e estimular as mulheres a ocuparem os espaços de poder na política.
A primeira aula do curso foi realizada na última quinta-feira (30/7), com a participação de 400 pessoas, dentre elas, coordenadores de campanha, dirigentes e pré-candidatas ao executivo e pré-candidatas ao parlamento. O primeiro módulo do curso foi coordenado pela ex-secretária nacional da Mulher do PCdoB, ex-deputada Angela Albino, de Santa Catarina, e contou com a palestra da presidenta nacional do PCdoB, vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos e também da atual secretária nacional da Mulher, ex-senadora Vanessa Grazziotin.
Na ocasião, Luciana destacou a força das mulheres e a necessidade delas ocuparem os espaços de poder. Segundo ela, esse não é um discurso retórico no PCdoB, na prática, a mulher no Partido tem representatividade e força, destacou. “Não é à toa que nós temos a maior bancada feminina, proporcionalmente, na Câmara dos Deputados. Dos nove deputados comunistas eleitos, quatro são mulheres”, ressaltando ainda que das 10 mulheres escolhidas como protagonistas na Câmara, três são do PCdoB.
Para Luciana, “isso demostra a justeza das nossas ideias, a postura para afirmar que essa é uma identidade própria do nosso partido”, disse, recordando os quadros femininos que ocupam a estrutura da direção, muitas delas como presidentes do Partido nos estados. “Não precisa dizer o peso político, a força, a expressão que a vida objetivamente tem apresentado”.
Segundo a presidenta nacional do PCdoB, o momento eleitoral é mais uma oportunidade de mostrar que o PCdoB está comprometido com a causa emancipacionista. “É preciso que haja uma percepção de que o PCdoB é um partido feminista, democrático. E por isso temos que demostrar mais força, dar mais visibilidade à estas causas”.
Na visão da dirigente, o PCdoB deve proporcionar à participação feminina nas eleições municipais. Segundo ela, o PCdoB deve ter uma maior “presença nas câmaras, nos cargos executivos e que a gente possa, portanto, cumprir o desafio e reafirmar o caminho democrático no país, derrotando o bolsonarismo”.
Crises
Luciana também ressaltou as sucessivas crises ocorridas nos últimos tempos, destacou a crise estruturante do capitalismo que se rebateu não só no Brasil, mas no mundo todo. “No Brasil nós vimos um candidato de extrema-direita vencer as eleições, com tudo que ele carrega. Um homem que passou mais de 20 anos no Congresso, tendo atitudes racistas, e de apologia à ditadura militar”.
Para ela, o fenômeno da vitória da extrema-direita tem fatores externos e internos. No fator interno, é fruto da crise econômica do capitalismo. “E a eleição de Bolsonaro, é resultante deste contexto”. No meio de uma pandemia e com o governo Bolsonaro, acontece as eleições municipais e é neste ambiente que teremos que atuar e agir. “Esse segundo semestre nós vamos precisar cuidar da nossa rapadura. As comunistas tem que fazer campanha, organizar a base de apoio, organizar seus contatos”.
Segundo Luciana Santos, as eleições municipais acontecem em tempos de isolamento social e neste momento, a internet ganha ainda mais relevo. Para isso, ela orienta, as pré-candidatas devem, através de grupos de Whatsapp enviar conteúdo para os apoiadores. “Conteúdos não nos falta”, brincou, lembrando ainda que devem sempre “buscar a frente ampla que a gente representa para derrotar o bolsonarismo”.
A ex-senadora Vanessa Grazziotin (AM), recém-eleita secretária nacional da Mulher do PCdoB apresentou o tema das mulheres e a política. Para Vanessa, “a gente tem que saber que posição ocupamos, quem são os principais inimigos e quais bandeiras precisamos fincar”, ponderou. “A gente precisa entender qual a origem da discriminação da mulher. A discriminação do homem pela mulher surge exatamente na exploração do homem pelo homem. É um fenômeno social”, disse.
Ainda sobre a discriminação da mulher, Vanessa citou Lênin entendo que “a única salvação para as mulheres é sua participação no movimento revolucionário, e que apenas a vitória da classe trabalhadora traria a emancipação às mulheres”.
Falta de representatividade
Últimos dados do IBGE apontam que a população brasileira é formada por 203,2 milhões de pessoas, sendo 98,419 milhões de homens (48,4% do total) e 104,772 milhões de mulheres (51,6%). Se baseando em dados, Vanessa destacou importantes aspectos para entender a discriminação feminina, já que mais da metade da população é feminina.
Lembrou ela, o eleitorado é formado pela maioria de mulheres, elas são mais escolarizadas que os homens, elas chefiam quase metade das famílias brasileiras, mas as mulheres ainda ganham menos que os homens, acumulam jornada tripla de trabalho, sofrem violência e ainda são sub-representadas nos espaços de poder.
Vanessa exibiu números que apontam como a mulher é sub-representada nos espaços de poder. Segundo ela, dos 5.568 municípios brasileiros, 23% das cidades brasileiras não tem nenhuma mulher na Câmara Municipal. Hoje no parlamento, assegurou Vanessa, somente 13% dos espaços são ocupados por mulheres e nas prefeituras, no executivo municipal, cerca de 90% são homens.
Segundo Vanessa, ao longo dos anos, mais recentemente com a obrigatoriedade das cotas, houve muitos avanços obtidos pelas mulheres nos espaços de poder, mas ainda há um longo caminho a percorrer. E neste sentido, os números comprovam que o PCdoB é o partido que mais dá protagonismo às mulheres. Para ela, o empoderamento da mulher é a principal bandeira do PCdoB. Disponível a apresentação da Vanessa Grazziotin: Mulheres na Política PCdoB-FINAL (1)
Legislação
O segundo tema abordado no dia foi sobre aspectos da Legislação eleitoral, bem como a captação de recursos e como fazer a prestação de contas. Os advogados Paulo Machado Guimarães e Carol Lobo (imagens ao lado) apresentaram os principais temas desta legislatura e também responderam dúvidas sobre o que pode e o que não deve fazer na pré-campanha e campanha, questionadas pelas participantes. A coordenação da mesa ficou a cargo da presidenta nacional da União Brasileira de Mulheres (UBM), Vanja Andreia.
Neste link poderá ser acessado o material de trabalho apresentado pelo jurídico do PCdoB: Apresentação 2- As mulheres & a legislação eleitoral.
Próxima aula
A próxima terça-feira (4) acontece a segunda etapa do curso que tem como tema a Comunicação (pré-campanha, campanha e Fake News). O curso será ministrado pelos convidados, Bruno Trezena, jornalista, assessor de Comunicação e coordenador de redes da deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Lucia Rincon, professora da PUC-Goiás, doutora em Educação, mestre em Sociologia da Comunicação, especialista em direitos da mulher.
Inscrições abertas
As inscrições continuam abertas gratuitamente. Todo o curso está sendo ministrado por plataforma virtual WebinarJam. Os interessados e interessadas devem preencher o formulário de inscrição para receber o link para a próxima aula. Após fazer o registro na plataforma receberá o link que dá acesso direto às aulas no seu e-mail cadastrado e um lembrete 15 minutos antes da atividade.
Programação
Terça-feira 4/8 – 16h às 18h – 2ª AULA
Comunicação
– Pré-campanha
– Campanha
– Fake News
Lucia Rincon
Bruno Trezena
Coord. Glaucia Moreli
06/08 – 16h às 19h – 3ª AULA
Mulheres e Cidade
– Competência da Câmara Municipal
– Plataforma
Julieta Palmeira
Ana Rocha
Coord. Nádia Campeão
Planejamento de Campanha
Neide Javi
Daniela Costa
Coord. Márcia Campos