Uma reportagem da Bloomberg mostrou que industriais europeus do setor alimentício estão sendo sufocados pela alta na energia.

O fantasma da estagflação (estagnação mais inflação) bate à porta de diversos países europeus, uma situação agravada após as sanções à Rússia instigadas por Washington. Na Inglaterra, a inflação acumulada dos últimos 12 meses, calculada em junho, foi de 9,4%, a maior desde 1982. O Banco da Inglaterra prevê que a inflação continue subindo, podendo chegar a 13% ainda em 2022.

A fabrica do setor alimentício Brioche Pasquier, sediada nos arredores de Londres, está gastando 50% a mais, em termos de energia, para produzir pães.

Mais de 10% da renda das famílias está comprometida apenas com o pagamento de energia, o que vai piorar quando o inverno chegar à Europa.

A alta no preço da energia tem, inclusive, afetado as indústrias alimentícias europeias. A produção de óleo a partir da soja e de sementes de girassol caiu, em junho, 3,2% na Inglaterra, devido à transferência da produção para regiões de custo mais baixo. É a menor produção desde 2019, segundo o grupo Fediol.

Em toda a Zona do Euro, a inflação em junho atingiu 8,6%. Na Alemanha, os preços subiram, em 12 meses, 7,5%. Nos Estados Unidos, esse índice chegou a 8,5% em julho.

Esses números começaram a subir depois das sanções impostas por esses países contra a Rússia, visando desestabilizar sua economia no afã de enfraquecer o país forçado à operação militar na Ucrânia.

A União Europeia e os Estados Unidos sancionaram a exportação de tecnologias, máquinas e outras mercadorias, assim como a importação de petróleo, carvão, ouro e minérios vindos da Rússia.

As sanções em transações financeiras estão atrapalhando pagamentos internacionais de produtos que ainda estão sendo comercializados.

O transporte de gás da Rússia para a Alemanha através do Nord Stream 1 está limitado a 20% porque o Canadá decidiu não enviar para a Rússia uma das turbinas retificada, equipamento necessário para o funcionamento do gasoduto.

O presidente da China, Xi Jinping, afirmou que as “sanções são um bumerangue e faca de dois gumes”.

“Politizar a economia global e transformá-la em uma ferramenta ou arma de alguém, e impor sanções deliberadamente usando sua posição primária nos sistemas financeiros e monetários internacionais, só acabará ferindo seus próprios interesses, bem como os dos outros, e infligindo sofrimento a todos”, discursou em evento do BRICS.