Divulgado nesta terça-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mostrou aceleração no grupo Alimentação e Bebidas de 1,30% em relação a junho, apresentando a maior alta entre todos os itens. O dado significa que, apesar de o IPCA ter registrado deflação (-0,68%), os mais pobres – em cujo orçamento os alimentos pesam mais – continuam a ser os que mais sofrem com a carestia de Bolsonaro, não por acaso o candidato à Presidência mais rejeitado (45%) nas comunidades, segundo a pesquisa G10 Favelas/Favela Diz.

Em sete das oito capitais analisadas mensalmente pela plataforma Cesta de Consumo HORUS & FGV IBRE, o valor médio da cesta de consumo básica de alimentos de julho aumentou 2,1% a 4,5% em relação ao mês anterior. As maiores altas foram registradas em Fortaleza (4,5%), Brasília (4,0%) e Salvador (4,0%). Apesar de Rio de Janeiro (2,4%) e São Paulo (2,1%) terem registrado elevações menores, as cestas mais caras são encontradas nestas capitais, custando R$ 902,03 e R$ 895,23, respectivamente. A cesta de Fortaleza aparece em terceiro lugar (R$ 803,64).

Alta do leite

Dos 18 produtos da cesta básica, quatro apresentaram aumento de preço em todas as capitais: frango, leite UHT (de caixinha), manteiga e margarina. Outros produtos que apresentaram altas expressivas em diversas capitais foram frutas, massas secas, farinha de mandioca, café em pó, pão e arroz. Para se ter uma ideia do encarecimento dos alimentos básicos, o leite de caixinha chega a acumular alta de 60,4% no ano em Brasília.

“O leite UHT continua a trajetória de alta nos últimos seis meses, apresentando níveis de aumento superiores aos registrados em junho. Dentre as razões para sucessivos aumentos está a alta do preço internacional das commodities, especialmente do milho e da soja usados na alimentação das vacas, que têm elevado o custo de produção do leite e de seus derivados, como é o caso da manteiga”, destaca comunicado FGV Ibre, segundo o qual o preço do frango também tem sido afetado pela alta do milho, usado na ração animal, aumentando seu custo de produção. “Já o preço das massas e do pão tem sido impactado devido ao aumento internacional do trigo, decorrente da guerra entre Ucrânia e Rússia, que são grandes exportadores do produto”, acrescenta a FGV Ibre.

Especialistas criticam o Governo Bolsonaro, por ter zerado os estoques da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que regulavam a relação entre a oferta e a demanda de alimentos no país, evitando que a população ficasse vulnerável a alta de preços nos mercados internacionais.