O sócio oculto do FIB Bank, Marcos Tolentino, investigado pela CPI da Pandemia, tentou comprar o silêncio de uma testemunha, que prestou depoimento e relatou o caso para a Polícia Federal.

O FIB Bank, que não é um banco, foi a instituição que deu a fajuta “garantia” financeira de R$ 80,7 milhões para a Precisa Medicamentos fazer a importação da vacina indiana Covaxin e vendê-las para o governo federal.

A instituição não tem permissão do Banco Central para emitir garantias financeiras, mas o Ministério da Saúde nunca verificou isso e prosseguiu com a compra. A contratação só foi cancelada pela farmacêutica Bharat Biotech por conta das denúncias de irregularidades praticadas pela Precisa Medicamentos.

Essa contratação era a única que tinha intermediadores, a Precisa Medicamentos, e a mais cara, chegando a R$ 80 por dose.

Segundo o site O Antagonista, em depoimento à PF, a testemunha Fernando Boletti disse que sabia do caso do FIB Bank e que Marcos Tolentino tentou comprar seu silêncio. Boletti mostrou extratos bancários que registram depósitos semanais de Tolentino em sua conta, somando R$ 30 mil.

Quando da CPI da Pandemia, Marcos Tolentino tentou fugir do depoimento, mas não conseguiu e foi confrontado pelos senadores. Ele admitiu que é amigo do deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo Bolsonaro na Câmara.

Ricardo Barros foi o parlamentar que apresentou uma emenda que permitiu a importação da Covaxin. Antes, ele tinha sido ministro da Saúde e permitiu que a empresa Global Saúde, dos mesmos donos da Precisa Medicamentos, roubasse R$ 20 milhões do Ministério.

O Ministério Público Federal (MPF) apresentou uma denúncia contra pessoas ligadas ao FIB Bank e à Precisa Medicamentos, acusando-os de falsidade ideológica e estelionato, com base em relatório da Polícia Federal.

Foi apurado que o Ministério da Saúde abriu as portas para que a Precisa Medicamentos se apresentasse em nome da Bharat Biotech, sem exigir nenhum documento que comprovasse isso.

A empresa também mostrou uma falsa garantia financeira, concedida pelo FIB Bank, e o Ministério da Saúde continuou com a conversa. O MPF apontou que o FIB Bank vende “um lastro financeiro que não existe”.

Nesse mesmo caso, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda relatou que sofreu pressão de seus superiores, indicados por Jair Bolsonaro, para liberar documentos com irregularidades entregues pela Precisa Medicamentos.

Ele se reuniu com Jair Bolsonaro para contar sobre essa pressão, mas o presidente preferiu abafar o caso. No encontro, Bolsonaro falou que “isso é coisa do Ricardo Barros”, devido ao histórico de conluio entre o deputado e a Precisa Medicamentos.

O documento que o governo Bolsonaro queria que fosse validado exigia US$ 45 milhões de pagamento antecipado em uma offshore, a Madison Biotech, e previa a entrega de doses inferior do que a contratada.

Nada disso constava do contrato assinado com o ministério.