O YouTube retirou do ar, nesta quarta-feira (10), o vídeo com a gravação da reunião de Jair Bolsonaro (PL) com embaixadores, realizada em julho, com mentiras contra as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral.
No dia 18 de julho, no Palácio da Alvorada, Bolsonaro reuniu representantes diplomáticos de vários países.
A reunião foi um vexame para Bolsonaro que repetiu falas golpistas e fake news já desmentidas pela Justiça Eleitoral sobre as eleições de 2014 e 2018. Além disso, ele desferiu ataques e ameaças contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O evento foi um tiro pela culatra de Bolsonaro e serviu para a sociedade brasileira se unir em defesa da democracia. Inúmeros setores rebateram o ocupante do Planalto e se manifestaram em defesa do sistema eleitoral brasileiro e das urnas. Juristas, economistas, professores, militares, sindicalistas assinaram a Carta aos Brasileiros e Brasileiras em defesa das eleições e contra o golpe tramado por Bolsonaro. Quase 1 milhão de pessoas assinaram a Carta em repúdio ao “mito”. O manifesto será lido nesta quinta-feira, 11 de agosto, em grande ato na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no Largo de São Francisco, centro da capital paulista, a partir das 10h.
O Youtube explicou que a decisão foi tomada em conformidade com as regras de controle de conteúdo da plataforma que proíbe informações falsas.
“A política de integridade eleitoral do YouTube proíbe conteúdo com informações falsas sobre fraude generalizada, erros ou problemas técnicos que supostamente tenham alterado o resultado de eleições anteriores, após os resultados já terem sido oficialmente confirmados. Essa diretriz agora também se aplica às eleições presidenciais brasileiras de 2014, além do pleito de 2018”, disse o YouTube em nota.
Além do vídeo da reunião com embaixadores, também foram removidos vídeos do canal de Bolsonaro em que o chefe do Executivo questionava as circunstâncias da facada que sofreu em 2018 durante a campanha presidencial.
“Já nossa política de discurso de ódio proíbe conteúdo que negue, banalize ou minimize eventos históricos violentos, incluindo o esfaqueamento de Jair Bolsonaro. O discurso de ódio não é permitido no YouTube, e removeremos material sobre o esfaqueamento de Jair Bolsonaro que viole esta política se não fornecer contexto educacional, documental, científico ou artístico no vídeo ou áudio”, afirma o texto.
O aplicativo de vídeos disse ainda que o serviço de compartilhamento de vídeos é aberto e qualquer pessoa pode utilizá-lo, mas os vídeos estão sujeitos “a revisão de acordo com as nossas diretrizes de comunidade”.
Após a reunião com embaixadores, diversos partidos de oposição acionaram a Justiça contra a fala de Bolsonaro, entre eles, PDT, Rede e PC do B e PT.
Procurador
A Procuradoria Geral Eleitoral (PGE) protocolou uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nesta quarta-feira (10) contra Jair Bolsonaro por propaganda eleitoral antecipada.
A PGE acusa Bolsonaro de propaganda eleitoral antecipada durante a reunião com mais de 40 embaixadores de diferentes países, ocorrida em julho, no Palácio da Alvorada.
A PGE pede que vídeos do discurso sejam excluídos das redes sociais e que Bolsonaro seja multado por caluniar as urnas eletrônicas.
Além disso, a ação aponta que ele disseminou notícias falsas sobre o sistema eleitoral. “As passagens transcritas no início desta petição integram um conjunto de assertivas que compõe o propósito de digital que será empregado nas eleições vindouras e que tem sido adotado desde 1996”, escreveu o vice-procurador-geral Eleitoral, Paulo Gustavo Gonet Branco.
O procurador argumentou ainda que a liberdade de expressão não pode ser usada contra fatos estabelecidos. “O ônus argumentativo sobe de ponto exponencialmente, não se admitindo discursos ligeiros, quando o que se afirma é capaz, por si, de lançar descrédito sobre instituição nuclear para a existência democrática, como é o sistema eleitoral”, concluiu.