O isolamento de Bolsonaro só aumenta, até mesmo no agronegócio, uma de suas mais fiéis bases de apoio. A Coalizão Brasil, Clima, Florestas e Agricultura — que reúne mais de 300 entidades, empresas e lideranças ligadas ao setor e a outros segmentos econômicos e financeiros — lançou, nesta quarta-feira (3), mais uma manifesto em defesa da democracia e do sistema eleitoral.
“O futuro que queremos depende do diálogo entre divergentes e do respeito ao resultado das eleições. Este deve ser um ponto pacífico entre todos os atores que se dispõem a representar a sociedade brasileira à frente de um Estado democrático de Direito”, diz a nota.
A Coalizão assinala ainda que “nos últimos 37 anos, o Brasil dedicou-se a edificar um regime cidadão, de instituições sólidas e calcado no respeito à lei e no equilíbrio de direitos e deveres. Em seu alicerce estão eleições limpas, onde se manifesta a vontade popular”.
O manifesto termina apontando: “Sem democracia não há desenvolvimento e sustentabilidade. Sem sustentabilidade não há futuro possível”.
A nota — que será entregue a instituições como o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) — se soma a uma série de outros manifestos e ações que vêm procurando mobilizar a sociedade para estancar a escalada golpista de Bolsonaro e mostra que a situação do presidente vem piorando, atingindo segmentos que, até então, mostravam-se majoritariamente alinhados ao presidente.
Ainda que não represente todo o setor e não cite o nome do presidente, o texto é um claro recado num momento em que se avolumam ataques de Bolsonaro às urnas eletrônicas, às instituições — em especial ao STF e ao TSE — e à democracia.
O manifesto vem na esteira de outros lançados mais recentemente. O principal deles é a “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito”, que já atingiu mais de 736 mil assinaturas até o momento. O manifesto será lido em ato a ser realizado na Faculdade de Direito da USP no dia 11 de agosto.
Mentira sobre Lula e o agronegócio
Coincidência ou não, na véspera da divulgação da carta da Coalizão, circulava na internet uma nova fake news dos bolsonaristas, segundo a qual Lula e o MST teriam dito que o “agronegócio deve ser eliminado da terra”. A “notícia” foi desmentida no site Verdade na Rede e pela equipe do ex-presidente Lula.
“Nos governos do PT, o agronegócio recebeu empréstimos especiais (que subiram de R$ 20 bi autorizados na safra 2002/2003 para R$ 187,7 bi em 2015/2016), além de apoio ao desenvolvimento tecnológico e abertura de mercados. O resultado foram safras recordes e o Brasil assumindo um importante papel como produtor e exportador de alimentos no mundo. Somando-se tudo isso à redução de juros e ao seguro rural, Lula e Dilma provaram que não há porque a produção rural do país seguir um único modelo, e que a agricultura familiar e o agronegócio podem e devem se complementar”, diz o site oficial do ex-presidente.
Por Priscila Lobregatte