No Quênia, pelo segundo dia consecutivo, mais de seis mil trabalhadores da transnacional de processamento de frutas Del Monte paralisaram as operações denunciando condições de trabalho desumanas, terceirização, demissão irregular de seus representantes sindicais e salários de fome, registrou a emissora KBC.

Eles também acusam a empresa de desrespeitar o acordo coletivo de trabalho e de estar pagando tão mal a ponto de a maioria deles não poder mais cumprir suas obrigações básicas, como pagamento de aluguel e compra de alimentos.

Conforme a KBC, o nível salarial é tão desolador que os trabalhadores da Del Monte estão quase transformados em pedintes. Há trabalhadores que vêm servindo à multinacional por mais de 20 anos e ainda não foram promovidos de empregados temporários a permanentes, segundo o sindicato KPAWU.

À KBC o diretor da Del Monte, Stergios Gkaliamoutsas, classificou a greve de “ilegal” e negou que a terceirização esteja sendo imposta. Ele asseverou que nenhum emprego será perdido por causa da terceirização.

“As necessidades de trabalho de 2022 aumentaram em comparação com 2021 e, como tal, fomos forçados a terceirizar temporariamente para mão de obra adicional por meio do contrato, para cobrir o trabalho adicional. De acordo com o estado atual das coisas, prevemos que todos os atuais trabalhadores contratados permanentes e adicionais estarão totalmente ocupados ao longo do ano”, disse Gkaliamoutsas em um comunicado.

A KBC registrou, ainda, que há um ano a empresa esteve sob escrutínio após denúncias de tortura e outros abusos cometidos por seus guardas contra residentes.