Os ataques à educação vão além dos cortes de investimentos na área. Agora, a reforma trabalhista afeta os direitos dos docentes das redes particulares de ensino e diante dessa ofensiva, os professores vão paralisar suas atividades nesta quarta-feira (23) para uma assembleia que poderá definir uma nova greve.

Após a aprovação da reforma trabalhista, a categoria dos professores da rede particular de ensino continua mobilizada, já que uma Convenção Coletiva – ainda não concluída – quer retirar direitos dos docentes.

Segundo os patrões e donos de escolas particulares, a intenção é retirar dias de recesso, férias coletivas, garantia semestral de salários e bolsas de estudo para filhos de professores, mas o Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro-SP) não aceitou as propostas e levou o caso para o TRT (Tribunal Regional do Trabalho).

Na quinta-feira passada (17), uma audiência entre professores e escolas, realizada no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) terminou sem acordo. Na ocasião, o vice-presidente judicial do TRT, desembargador Carlos Alberto Husek, propôs às partes que sejam retirados do dissídio coletivo as cláusulas sobre as quais já há acordo.

Para Silvia Barbara, diretora do Sinpro-SP, permitir que os filhos dos professores estudem de graça nas escolas onde os pais lecionam não eleva os custos das instituições. “Bolsa de estudos não encarece para a escola porque você não tira um aluno pagante para colocar o filho do professor. Ele entra na mesma classe”, diz ela.

“Me parece que está havendo um deslumbramento pela reforma trabalhista. Eles estão achando que vão poder fazer quase tudo”, falou Barbara ao jornal.

Paralisação

Por unanimidade, professores de educação básica aprovaram a paralisação das atividades nesta quarta-feira (23) contra a ameaça de perda de direitos da Convenção Coletiva. A assembleia no Sinpro-SP foi realizada durante toda manhã do sábado (19).

“É em defesa de uma Convenção Coletiva plena e universal que nossa luta está sendo travada. Os professores não aceitarão a perda de direitos. Este é um ato de resistência que vai além das condições de trabalho. É também uma luta pela dignidade e pelo respeito que a nossa profissão exige”, disse o Sinpro-SP.