Os resultados das vendas dos supermercados em fevereiro registraram uma queda de 6,75% em relação ao mês de janeiro. Os impactos do fim do auxílio emergencial já se faz sentir no setor, avalia a entidade.

“Em janeiro, ainda teve resquícios do auxílio emergencial, tevum comportamento normal. Em fevereiro foi um mês mais difícil para todos, em função do fim do auxílio e da formação do mês”, declarou o vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Marcio Milan, na apresentação do Índice Nacional de Consumo (INC) da Abras na quarta-feira (14).

O dirigente da Abras avaliou que “no primeiro auxílio emergencial, mais de 60% do que a população recebeu foram destinados à alimentação. Então, se esse número continuar – e a gente acredita que vai continuar -, grande parte disso vai continuar na alimentação. Se estamos falando de R$ 44 bilhões de auxílio, ainda é um valor considerável que o consumidor vai destinar ao consumo nos mercados”.

Apesar do tom otimista de Milan, os números apontam noutro sentido. O auxílio emergencial foi reduzido para metade do número de pessoas que receberam no ano passado. As quatro parcelas de 2021, que variam de R$ 150, R$ 250 ou R$ 375 cada uma, representam uma redução muito drástica no auxílio em relação ao valor pago no ano passado, de R$ 600 reais (6 parcelas) e R$ 300 (4 parcelas). Qualquer cálculo sobre o valor da cesta básica gira em torno R$ 600,00, em média. Numa análise global do benefício, os R$ 44 bilhões que serão pagos neste ano são 81% inferiores do valor de R$ 231 bilhões pagos em 2020. A situação da pandemia, pelo menos neste primeiro semestre, está mais grave do que o ano passado, com o aumento do número de contaminações e de mortes no país, que ultrapassou a marca de 361.000 vidas.

Ele mesmo ressalva que “temos um ponto de atenção em março e em abril. Tivemos um volume de restrição muito grande no final de março e no início de abril. Esses movimentos terão reflexos que não são bons”, disse Marcio Milan, referindo-se ao recrudescimento da pandemia e das medidas de restrições ao comércio.

Para comprar a cesta Abrasmercado, com 35 produtos, o consumidor brasileiro precisa gastar R$ 633,38, em média. No mês de janeiro, a mesma cesta custava R$ 636,40, um recuo de apenas R$ 3. O custo da cesta da Abras chega a R$ 724,20 em Brasília, a mais cara, e a R$ 497,80 em Goiânia, a de menor valor. Valores bastante distante do mísero auxílio emergencial renovado pelo governo Bolsonaro.

Na comparação com o mês de fevereiro de 2020, as vendas do setor apresentaram uma variação positiva de 5,18%, também pelos cálculos do Índice Nacional de Consumo (INC) apresentado pela entidade.