Ora, na luta política há vitórias ou derrotas de diferentes dimensões. Óbvio. Porém se as consideramos no contexto, há como relativizar resultados.
Por Luciano Siqueira*
Tanto é assim, por exemplo, que o estrategista Josef Stalin chegou a escrever, em A Estratégia e a Tática dos Comunistas Russos, que uma orientação tática não se pode avaliar tão somente por seus resultados imediatos. Há que considerá-la no evolver da cena política.
Daí, derrotas parciais momentâneas frequentemente guardarem no seu âmago elementos de uma vitória posterior consistente. Pois a Terra não é plana e o mundo gira…
Entretanto, a queda tendencial do bolsonarismo explícito não quer dizer ainda que haja um reencontro das maiorias com os partidos de esquerda e de centro-esquerda. Os principais beneficiários do voto dos que se desiludem com o presidente fascistóide e seu ideário é o centro conservador, em alguns casos candidatos da direita “civilizada”.
Além disso, mais do que a natureza fragmentária do pleito municipal, candidaturas de centro-esquerda e mesmo de esquerda com ampla potencialidade se veem prejudicadas pela diáspora nacional persistente.
Líderes da dimensão do ex-presidente Lula e outros não trabalharam pela unidade onde cabia, deixando prevalecerem interesses exclusivistas imediatos.
Completando o cenário adverso, as limitações decorrentes da pandemia do novo coronavírus, que atingiram fortemente a pré-campanha, e agora limites extremados adotados por TREs, como em Pernambuco, enfraquecem a mobilização popular indispensável às candidaturas progressistas.
Conforme Walter Sorrentino descreveu em artigo no Vermelho, o desenho da disputa em plano nacional não autoriza expectativas muito otimistas.
Por isso, nesse contexto, toda vitória que se obtiver em capitais, cidades grandes e médias e cidades-polo do interior deverão ser consideradas “grandes”. Fortins de resistência estarão constituídos para a luta que segue.
*Luciano Siqueira Médico é vice-prefeito do Recife e membro do Comitê Central do PCdoB
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(PL)