O candidato do PCdoB à Prefeitura de São Paulo (SP), Orlando Silva, participou de um duelo na noite de sexta-feira (23) com o oponente Arthur do Val (Patriotas), conhecido como Mamãe Falei, em uma barbearia da Zona Oeste da capital e transmitido por meio das redes sociais. Os candidatos, de correntes ideológicas opostas, bateram de frente em todos os temas debatidos, como moradia, emprego e renda, privatizações e saúde. Enquanto Orlando defendia a importância do Estado para resolver os problemas da cidade, Arthur, liberal e privatista, adotava a posição de que o que é privado é bom e o público é ruim.

Orlando disse que sua primeira ação caso se torne prefeito de São Paulo será assinar um conjunto de medidas, que vai incluir projetos de lei e decretos municipais, para implementar um Plano Emergencial de Geração de Emprego e Renda na capital. O candidato defendeu que, diante dos atuais índices de desemprego em São Paulo, de cerca de 15,3%, a tendência é que a crise se agrave até o dia 1º de janeiro, com o fim do auxílio emergencial do governo federal, e que é papel da prefeitura induzir a atividade econômica.

“Afirmou e reafirmo: o Estado pode ter o papel indutor da atividade econômica, porque o Estado tem meios para fazer contratações e isso é muito importante para a retomada do emprego, por exemplo.”, disse Orlando, criticando Arthur do Val por defender privatizar tudo, como a Spcine e o Autódromo de Interlagos. “Aliás, estou vendo que o Arthur do Val está copiando o plano de governo de Covas, esse papinho é de Bruno Covas, que disse que vai desestatizar tudo, porque tucano tem obsessão pela privatização, muitos deles ganham muito dinheiro com essas privatizações desde a época do Fernando Henrique Cardozo.”, alfinetou o candidato do PCdoB.

Questionado sobre o Plano Diretor de São Paulo, Orlando Silva avaliou que tem pontos positivos, mas que mal saiu do papel. O candidato destacou que o documento aproxima moradia e emprego, o que poderia mudar a dinâmica da capital. “O Arthur fala muito de capitalismo pra cá, capitalismo pra lá. No caso , o capitalismo pra cá e pra lá é a especulação imobiliária mandando em tudo e jogando o povão para a borda da cidade.”, disse Orlando, pontuando que é isso que leva ao crescimento desordenado das periferias da cidade. “Eu quero fazer a Revisão do Plano Diretor para que a cidade seja ocupada por todos.”, declarou.

O candidato do PCdoB disse que planeja aproveitar os imóveis ociosos do centro de São Paulo e transformá-los em moradia, além de focar em garantir transporte de alta capacidade nas regiões com maior adensamento populacional. “Não tem cidade no mundo que não tenha vida e moradias no centro. Isso vai dinamizar muito o Centro de São Paulo, mas mirando na especulação imobiliária, não deixando que São Paulo seja privatizada e ocupada apenas por interesses particulares.”, defendeu.

Orlando avaliou que moradia é um problema chave da capital paulista e lembrou que todo brasileiro tem direito a ter um teto para viver dignamente com a sua família. “Está na Constituição. Eu quero aqui em São Paulo tirar do papel e transformar em realidade, retomando os mutirões com assistência técnica da prefeitura, fazendo operação urbana para garantir moradia a todos”.

Para enfrentar o problema do déficit habitacional em São Paulo, Orlando defende a ampliação das Zonas Especiais de Interesse Social. “O número oficial é de quase meio milhão de pessoas em déficit de moradia, meio milhão de famílias que não têm casa, na fila dos que se inscreveram para habitação popular, tem mais de 1 milhão de pessoas.”, destacou.

O debate entre os candidatos durou quase 2 horas, com críticas mútuas. Por exemplo, quando Mamãe Falei disse que o ambiente altamente regulado dos taxistas estimula “o mercado negro”, Orlando rebateu que “se é negro é porque é muito bom”, e ironizou que o termo só podia ser entendido como um elogio. “Imagino que você esteja elogiando o mercado negro em São Paulo e não reproduzindo um discurso racista que atribui a negros fatores negativos”, completou Orlando.

Em relação aos aplicativos de entrega e de transporte individual, o candidato do PCdoB disse que deveriam ser melhor regulamentados, defendendo a criação de uma tarifa mínima para motoristas e entregadores. “Chama um desses economistas que você diz que vão te ajudar a governar para te explicar como funciona o mundo”, disse Orlando.

Assista ao duelo completo e conheça a posição dos candidatos sobre diversos temas:

 

Por Maiana Diniz