Em carta enviada ao embaixador brasileiro em Londres, Fred Arruda, 29 instituições financeiras se dizem preocupadas com “o desmatamento crescente em anos recentes” e com “relatos de desmonte de políticas ambientais e de direitos humanos e das agências de fiscalização” no país. Segundo as instituições, a situação está causando “incerteza geral” quanto à possibilidade de investir ou prestar serviços financeiros ao Brasil.

O documento, divulgado na íntegra pelo jornalista Jamil Chade (confira abaixo o post no Twitter), critica o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, por propor, durante reunião ministerial em 22 de abril, aproveitar a comoção em torno da pandemia da Covid-19 para aprovar medidas de desregulação ambiental.

Também expressa preocupação com a Medida Provisória (MP) 910, que tratava de regulação fundiária. A MP foi retirada de pauta e caducou após pressão popular. Segundo ambientalistas, a medida beneficiava grileiros. Após a MP perder a validade, foi apresentado projeto de lei de teor semelhante no Congresso, o PL n° 2.633/2020, também criticado por ativistas ambientais.

“Estamos preocupados quanto ao impacto que o desmatamento e a violação de direitos dos povos indígenas possa ter em nossos clientes e investidores, por elevarem potencialmente o risco para a reputação, operacional e regulatório”, afirma a carta.

As instituições encerram o documento solicitando uma chamada de vídeo com o embaixador ou um representante indicado por ele.

Há algum tempo, especialistas alertam para o estrago à imagem internacional do Brasil causado pelas políticas do governo Jair Bolsonaro e as possíveis consequências para a economia. O Brasil, que já liderou esforços contra as mudanças climáticas, agora é visto com desconfiança quanto às questões ambientais. A atitude com relação à pandemia do coronavírus piorou o quadro.