A discussão teve início no último dia 17, durante a votação que decidia a cassação de Arthur do Val. “Não calarão uma mulher preta eleita”, disse a parlamentar, pelas redes sociais.
Na ocasião, o deputado Gilmaci Santos (Republicanos) chamou Mônica de “louca”, após a deputada se posicionar em relação a um episódio transfóbico promovido pelo deputado Douglas Garcia (PTB) em relação à deputada Érica Malunguinho (Psol). No mesmo dia, a deputada registrou um boletim de ocorrência contra Gilmaci e Douglas.
Na quarta-feira (18), durante a votação da cassação do deputado Frederico D’Ávila, Mônica discursou sobre saúde pública e foi criticada pelo presidente da assembleia, Carlos Eduardo Pignatari, por falar de assunto distante ao que era debatido.
Nesse momento, o deputado Wellington Moura (Republicanos) pegou o microfone e disse: “Vou colocar um cabresto na sua boca”. Mônica, então, retrucou: “Não vai calar a minha boca”. Novamente o deputado Wellington respondeu: “Vou sim”.
Após isso, a deputada entrou com um pedido no Conselho de Ética da Alesp pedindo a perda de mandato de Moura.
“Houve ofensa à dignidade e decoro da Deputada Monica Seixas em sua forma mais vil e cruel que é utilizando uma ferramenta que pessoas negras escravizadas eram submetidas para que se calassem e servissem ao escravocrata”, diz o pedido.
Nas redes sociais, a deputada Mônica Seixas repudiou a ameaça:
CABRESTO: arreio de corda ou couro, sem freio ou embocadura e que serve para prender o animal ou para controlar sua marcha.
É assim que os machistas querem tratar as mulheres dessa casa. Não conseguirão nós colocar CABRESTO. Fomos eleitas e vamos denuncia-los! pic.twitter.com/geOm3eqGfC— Monica Seixas (@MonicaSeixas) May 18, 2022
“NÃO CALARÃO A VOZ DE UMA MULHER PRETA E ELEITA. Mais uma vez, de forma *machista, racista e colonial*, tentam invalidar e intimidar nosso mandato na ALESP, mas *não conseguirão*! Dessa vez, o deputado Wellington Moura disse que colocará cabresto na boca da Deputada Monica quantas vezes for necessário. Não toleraremos e não passará impune!”, disse. “Ajude a pressionar pela cassação do mandato desse deputado racista e machista!” continuou.
As deputadas estaduais Leci Brandão e Isa Penna, ambas do PCdoB-SP, também comentaram o ocorrido em seus perfis oficiais do Twitter:
“Deputado Wellington Moura (Republicanos) diz que, ‘quando estiver presidindo as sessões da Alesp vai colocar um cabresto na sua boca’. Esse senhor perdeu completamente o juízo e cometeu racismo em plena casa do povo. Isso não pode ficar assim. Todo apoio à deputada”, disse Leci.
Deputado Wellington Moura (Republicanos) diz que, "quando estiver presidindo as sessões da Alesp vai colocar um cabresto na sua boca". Esse senhor perdeu completamente o juízo e cometeu racismo em plena casa do povo. Isso não pode ficar assim. Todo apoio à deputada @MonicaSeixas! pic.twitter.com/PHviBgWBeR
— Leci Brandão (@lecibrandao) May 23, 2022
Infelizmente tivemos novos casos de machismo e transfobia na @assembleiasp. A @MonicaSeixas foi intimidada pelo Wellington Moura que disse querer 'colocar um cabresto na boca' da deputada. E Douglas Garcia fez comentários transfóbicos. Solidariedade Mônica e @malunguinho! Tmj
— Deputada Isa Penna (@isapenna) May 20, 2022