Hoje, 25 de novembro, é o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres e como estão as brasileiras? Sem dúvida, todo dia é dia de combater a violência de gênero em nossa sociedade. Mas, são fundamentais iniciativas desse tipo para dar visibilidade e envolver todo mundo nessa luta.  A data faz parte dos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, que no Brasil tem início em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, e vai até o dia 10 de dezembro, Dia Mundial dos Direitos Humanos. Não por acaso, já que as mulheres negras são as mais atingidas pela violência de gênero e, segundo a ONU, a violência contra as mulheres é uma das violações dos direitos humanos mais toleradas em todo o mundo.

Por Julieta Palmeira*

Em 2020, a pandemia da Covid-19 se articulou com outra pandemia que não tem como agente um vírus, mas uma cultura discriminatória, machista: a violência contra as mulheres, problema de saúde pública que causa adoecimento às mulheres e até lhes subtrai a vida com o feminicidio. É uma evidência o aumento da violência e da subnotificação dos registros durante a pandemia. Houve uma intensificação da violência pré-existente no ambiente familiar. Já a subnotificação tem relação com as medidas sanitárias, necessárias, de isolamento social.  As mulheres passaram a ficar confinadas com o agressor, muitas vezes sem possibilidade de realizar uma ligação ou ir até uma delegacia.

Durante a pandemia foram realizadas ações na busca de uma proteção mais efetiva às mulheres. Destaco a ampliação dos serviços da Delegacia Digital, da Polícia Civil, que passou a aceitar registros de todos os tipos de violência contra as mulheres, e também o Zap Respeita as Mina, uma iniciativa da Secretaria de Politicas para as Mulheres em parceria com a Secretaria de Segurança Pública. O programa Zap traz orientações e até permite a denúncia por meio do WhatsApp. Pesquisas apontam que de cada 10 pessoas, seis não tem computador e acessam a internet pelo celular e em sua maioria são mulheres.

Não somente a Covid 19 desnudou ainda mais a violência de gênero, em 2020. As eleições municipais trouxeram a violência política de gênero. Há candidatas ou mulheres já eleitas agredidas muitas vezes com ameaça da sua integridade física. Nas redes sociais o machismo é evidente, mimetizando um mundo paralelo onde se pode tudo. Não se trata de criticas a projetos e programas de governo, mas de agressões que visam depreciar, desmerecer as mulheres, buscando reforçar a ideia de que a politica não é lugar para mulher. Lugar de mulher é na politica e onde ela quiser. E todas nós temos o direito de viver livre de violências!

 

*Secretária de Políticas para as Mulheres do Estado da Bahia. Médica geriatra. Integrante do Comitê Central do PCdoB desde 2009.

 

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