A busca ativa do PCdoB por representantes indígenas que compartilham ideais de justiça social para a disputa eleitoral é intensa, com parcerias promissoras. Uma das apostas do PCdoB nestas eleições municipais é Daniel Munduruku, candidato à prefeitura de Lorena (SP), cidade localizada no Vale do Paraíba a 180 quilômetros da capital paulista.

Foto: Perfil Facebook

Nascido em Belém do Pará, Daniel cresceu na aldeia Maracanã, do povo indígena Munduruku, antes de se radicar no interior paulista. Ele é professor, graduado em Filosofia, com licenciatura em História e Psicologia, mestre em Antropologia Social e doutor em Educação pela USP e pós-doutor em Linguística pela UFSC-Car. Daniel Munduruku lecionou por dez anos e atuou como educador social de rua pela Pastoral do Menor de São Paulo.

É personalidade importante no movimento indígena brasileiro, participando de debates com diversos atores globais. Atua como diretor-presidente do Instituto Uka – Casa dos Saberes Ancestrais, que busca promover a aplicação consciente das leis que garantem a temática da história e cultura Indígena no currículo escolar brasileiro. É autor de 52 obras, a maior parte infanto-juvenil, pelas quais recebeu prêmios no Brasil e no exterior. Viajou o mundo participando de conferências e ministrando oficinas culturais para crianças.

Em vídeo, o governador do Maranhão, Flavio Dino (PcdoB), falou do incentivo à representatividade dos povos originários nas esferas de poder e de apoio ao candidato. “É uma pessoa reconhecida em todo o país por sua atuação na defesa dos direitos dos povos tradicionais e de todos os cidadãos e cidadãs brasileiros, da causa da democracia, lutando também pelas causas ambientais”, disse.

O reconhecimento dos direitos de cidadania indígenas, incluindo o de votar e ser votado, se deu a partir da Constituição de 1988. Antes disso, os povos indígenas eram, na teoria, tutelados pelo Estado brasileiro, por meio da FUNAI, ao mesmo tempo em que, na prática, eram massacrados e perseguidos pelos governantes. Os anos da ditadura militar no Brasil foram de especial terror para esses povos. A Comissão da Verdade estima que pelo menos 8.350 deles tenham sido assassinados entre 1964 e 1985, vítimas das mais diversas atrocidades.

Mas, apesar de alguns avanços conquistados nas últimas décadas, a participação dos indígenas na política nacional permanece baixa. Para se ter ideia, nas últimas eleições municipais, em 2016, dos 475.351 candidatos do pleito, somente 0,34% eram indígenas, a etnia menos representada. Atualmente, diante da escalada nas violações dos seus direitos pelo atual governo, a necessidade de mudar esse cenário tornou-se ainda mais urgente.

Por Maiana Diniz