Com objetivo de trazer propostas para o segmento da cultura e da economia criativa de Salvador, a pré-candidata a prefeita da cidade e deputada estadual, Olívia Santana realizou na tarde desta quarta-feira (05.08), mais um debate virtual, com tradução de libras, para a construção participativa do seu programa de governo.

Durante sua fala, Olívia ressaltou que a hegemonia histórica das elites é um dos fatores na política que ocasiona a falta de pulverização da cultura. “Tenho compromisso com a descentralização dos investimentos na área cultural, considerando as diversas linguagens da arte e também a descentralização regional dos equipamentos e investimentos. Temos que garantir a cultura para todas e todos, numa perspectiva desenvolvimentista da cidade; incorporando e valorizando as forças inteligentes e criativas de Salvador”.

O gestor público e pesquisador em gestão e políticas culturais, Carlos Paiva lembrou que Salvador possui um dos piores investimentos na área de cultura do Brasil e que existe uma centralização desses equipamentos em alguns pontos da cidade. “O gasto de cultura de Salvador está entre os piores do Brasil, apenas 0.08% do orçamento da cidade. Falar que Salvador é marcada pela cultura é chover no molhado. Mas, apesar disso ser óbvio, as nossas políticas municipais não refletem adequadamente essa realidade. É importante que a cidade tenha equipamentos culturais de qualidade em todos os seus territórios”. Paiva declarou ainda que “é preciso investimento! Isso traz uma oferta cultural, além de dignidade e respeito para o cidadão soteropolitano. Nada pode ter o maior valor cultural do que o estado que respeita o seu cidadão”.

A coordenadora do Espaço Cultural Alagados, Jamira Muniz ressaltou que a Cultura em Salvador precisa ser pensada em todo seu contexto: mobilidade, saúde e segurança. “Como é que a gente vai participar de alguma coisa no centro da cidade, se só tem ônibus até 23h? Se posso ser assaltada na volta? O investimento, principalmente para a galera negra, é muito pouco. Dentro dos bairros periféricos temos um número muito grande de artistas amadores, que para sobreviver precisam de fato fazer cultura social, e não temos essa atenção”, frisou Jamira.

Há 10 anos empreendendo em Salvador, a produtora cultural Fernanda Bezerra enfatizou a importância de uma gestão que pense em ações que trabalhem com inovação e diversidade. “Temos que desenvolver ações que priorizem as diversas vozes. Qualquer política cultural tem que ter uma promoção de equidade de raça e gênero, porque a diversidade gera inovação, o que traz um pouco essa vivência de empreendedorismo na cultura. Essa é uma alternativa para muitas pessoas”.
Artista plástico, estilista e diretor do Cortejo Afro, Alberto Pitta afirmou durante seu pronunciamento que o que está faltando de verdade em Salvador, é “uma gestão que tenha um olhar para cidade como um todo. Os bairros populares desta cidade têm uma juventude que está realizando produções incríveis, em todas as áreas. É obvio que uma administração competente e responsável tem que ter um olhar para isto que está acontecendo”.

O artista e mestre de capoeira, Tonho Matéria também participou do debate e lembrou que precisamos da capoeira, da música e dos sambas juninos na comunidade. “Precisamos de fato que os gestores marquem presença nas comunidades para que possam ajudar e conhecer as demandas culturais. A droga e a violência estão chegando mais rápido nas comunidades. Precisamos entender a fala certa desses lugares”.

O ator e diretor teatral, Gordo Neto lembrou da importância da institucionalização da cultura. “É preciso de gestores comprometidos com a cultura para que ela funcione melhor. Os passos dados foram pequenos e de pouco alcance. Tivemos avanços, mas não chegamos ao lugar que desejamos. Não venceremos esta batalha se não estivermos juntos”.

Moderado pelo mestre em cultura e desenvolvimento, ex-vereador e ex-deputado, Javier Alfaya, o debate virtual também contou com a participação do ator Gil Santana; da produtora Irá Carvalho; da produtora Piti Canela; da atriz Alda Valéria; Sônia Laura, entre outros.

Fonte: Ascom Olívia Santana